Apresentação

      Pedro Geraldo Escosteguy (1916–1989) foi um artista multifacetado que procurou a depuração da linguagem, a vinculação entre texto e formas plásticas, buscando integrar a palavra à imagem. Sua obra consagrou-se desde os anos 1950, quando participava do Grupo Quixote, de Porto-Alegre — que se destacava na vida cultural da cidade. As questões da palavra e da forma nas artes sempre suscitaram importante dedicação desse artista. Chegando ao Rio de Janeiro na década de 1960, Escosteguy participou da vanguarda que revolucionava as artes plásticas brasileiras — entre os diversos artistas e pensadores estavam Hélio Oiticica, Lygia Clark, Antônio Dias, Ivan Serpa, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Antônio Maia, Antonio Manuel, Rubens Gerchman, Ângelo de Aquino, Ferreira Gullar, Carlos Zilio, Lygia Pape e outros.



       Com o golpe de 1964 e num subseqüente cenário marcado pela ferocidade da ditadura militar, Escosteguy se torna um dos nomes síntese do descontentamento encontrado em diversos segmentos da sociedade brasileira. Escosteguy propõe-se ao objeto semântico, onde impera a lei da palavra, palavra-chave, palavra-protesto, palavra onde o lado poético encerra sempre uma mensagem social, que pode ser ou não impregnada de ingenuidade. Em sua trajetória, podemos encontrar conteúdos de protesto contra a violência da ditadura e outras formas de repressão. No entanto, vemos que a busca do artista estava nas novas linguagens que transcendessem a pintura e a escultura, em diferentes formas de objetos e instalações; na utilização de materiais alternativos — como a madeira e o plástico, ou mesmo de objetos do cotidiano; no íntimo diálogo entre a plasticidade dos elementos visuais e da palavra escrita; no interesse manifesto pela participação dos mais variados segmentos de público no processo criativo, defendendo a idéia de arte como uma atividade integrada ao cotidiano.

       Ainda na década de 1960, Escosteguy participou da mostra Nova Objetividade Brasileira, que com Hélio Oiticica reuniu diferentes vertentes das vanguardas nacionais: arte concreta, neoconcretismo e nova figuração. Em torno da idéia de "nova objetividade" era apontada a tendência à superação dos suportes tradicionais (pintura, escultura etc.) em proveito de estruturas ambientais e objetos.
       Ao longo desses quase 40 anos de produção artística — com participação em diversos salões, mostras e bienais de arte no Brasil e no exterior —, Escosteguy se destaca como um dos mais proeminentes artistas de seu tempo e mesmo da atualidade, tendo exercitado, nesse fazer artístico, um íntimo diálogo com a sociedade e com o espectador.